terça-feira, 7 de abril de 2009

Bailar é preciso!

Sempre que penso no sujeito aprendiz, naquele que não progride, esta lá inerte enquanto minhas forças vão se esvaindo lentamente, que a frase de Adélia Prado é a primeira bailarina do Municipal, me convidando a bailar com ela, dizendo tente só mais uma vez, você vai conseguir, por favor não desista de mim.
“Eu sempre sonho que uma coisa gera, nunca nada esta morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera.
(Adélia Prado-1991)
Então eu respiro fundo e repito inúmeras vezes : ninguém é incapaz de aprender não importa o quanto e nem quando, todos aprendem, levanto e tento de novo e de novo...
Parece simples e fácil dizer isto, mas já tentou dar aula numa sala com 40 crianças, tendo inclusões, mais silábicos isto, alfabéticos aquilo... e como se não bastasse tem ainda aqueles três ou quatro que acabam com o sossego dos demais e você está solitariamente tentando não desistir de bailar, como tantos outros já fizeram.
"Aí" vem alguém sabe-se lá de onde (teórico é tudo igual) e diz com firmeza: TODOS SÃO CAPAZES DE APRENDER.
Você para e pensa se todos são capazes porque a "Teresinha" parece nao saber disto e não aprende logo a escrever e ler, onde estou errando?
Quanto tempo ainda esta "infeliz" vai levar para descobrir que o 'T" sozinho não é "te" e que formiga, não é FMG e que tanto faz o que acontece na sua vida fora dos muros da escola, alguém diz que ela vai aprender!
Não nego que ela aprenderá, mas até que isto possa ocorrer, muitos caminhos dolorosos precisarão ser percorridos, deixando com certeza marcas tão profundas que por mais que se cicatrizem estarão entalhadas em sua carne fazendo-a lembrar diariamente o quanto teve que lutar para ser diferente dos outros, que no meio do caminho desistiram.
Acho muito bonito o depoimento dos estudiosos, dos governantes, dos doutores afirmando que a educação é o único caminho para que aja mudanças no quadro de miséria do nosso país, mas ninguém entrevista o professor.
Professor? Ah quem é este mesmo?
Aquele que todos os dias, não importa as adversidades: sala lotadas, com goteiras, lousa rachada assim como seus dedos devido ao giz ruim (isto quando tem giz), pasmem mimiografo, mal remunerado (muitos nem recebem), esta lá para tentar ensinar alguma coisa e mesmo assim é sempre visto como culpado.
Muitos professores um dia já vestiram a capa de super herói, e acreditou que faria a diferença na Educação, confesso que eu também ja vesti e hoje me pergunto quantos ainda tem a sua capa guardada no armário?
Gostaria de dizer que as capas ficam pequenas, rasgam, ressecam, mas ainda teimosamente costuramos, remendamos e insistimos em coloca-la, pois acreditamos sim que todos são capazes de aprender, mesmo que tentem nos provar o contrário e não é discurso de botequim.
Somos professores com orgulho de nossa profissão e nao é sacerdócio como alguns insistem em dizer, ensinar demanda estudo, empenho, dinheiro, coragem e fé, muita FÉ em nós mesmos, pois somos os únicos que ainda acreditam naquele sujeito que muitos já desacreditaram e deixaram de lado.
Este desabafo em forma de texto surgiu de uma série de escritos que coloco no meu diário, para aliviar as minhas indignações de professora que ainda tem a sua capa remendada guardada para os momentos de desespero.
Convido a outros professores a vestirem suas capas e escreverem aqui seus desabafos...
Teresa Cristina de Assis

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